Palmeirim de Inglaterra. [Partes I-II](Évora, André de Burgos, 1567)

  1. Moraes, Francisco de
  2. Vargas Díaz-Toledo, Aurelio ed. lit.
  3. Álvarez-Cifuentes, Pedro ed. lit.

Argitaletxea: Sial Pigmalión

ISBN: 978-84-18333-94-1

Argitalpen urtea: 2021

Mota: Liburua

Laburpena

Salvo de arder na fogueira do famoso escrutínio da biblioteca de Alonso Quijano, juntamente com o Amadis de Gaula e o Tirante o Branco, a Crónica do famoso e muito esforçado cavaleiro Palmeirim de Inglaterra foi atribuída por Cervantes a um «discreto rey de Portugal». Explica-se isto pelo facto de as duas primeiras edições conhecidas desta obra terem aparecido de forma anónima, uma por volta de 1544, e uma outra em 1567, na cidade de Évora, pelo impressor André de Burgos. Só a edição de 1592 (Lisboa, António Álvares) inseria pela primeira vez um prólogo redigido pelo autêntico autor da obra, o português Francisco de Moraes. Deste escritor sabe-se muito pouco. Nascido provavelmente em Bragança, foi educado na casa do conde de Linhares, D. António de Noronha, um dos mais poderosos homens da corte de D. João III. Em novembro de 1540, acompanhou o filho do conde, D. Francisco de Noronha, na qualidade de secretário, numa embaixada a França para tratar de assuntos relacionados com presas marítimas, regressando por volta de 1544. Crê-se que foi durante a sua estada em França que escreveu a obra-mestra que agora apresentamos. É possível, neste texto, ler algumas das aventuras mais memoráveis do género cavaleiresco, entre as quais se devem destacar a do Castelo de Miraguarda, defendido pelo gigante Almourol, ou a das Quatro Damas Francesas, na qual se esconde, provavelmente, um fundo biográfico do escritor português. A elegância da sua prosa, o detalhe dado à descrição de vestimentas e personagens, a naturalidade dos diálogos e a magnífica representação das figuras femininas convertem esta obra, dominada pela ideia de Cruzada cristã contra os turcos, numa das mais importantes do género cavaleiresco do século XVI. O texto aqui apresentado corresponde à edição de Évora (André de Burgos, 1564-1567), a partir do exemplar da Biblioteca Nazionale di Napoli, recentemente descoberto por Aurelio Vargas Díaz-Toledo. Com esta obra clássica da literatura portuguesa dá-se início à coleção intitulada O Universo de Almourol, que pretende publicar os livros de cavalarias portugueses dos séculos XVI-XVII, frequentemente esquecidos e amiúde menosprezados por parte da crítica especializada.